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15 janvier 2008

Atelier d'écriture

Le 16 octobre 2007, nous avons organisé un atelier d'écriture  dans le cadre  du colloque commémoratif du centenaire de Miguel Torga. Retrouvez ici les productions que chacun des participants a créées au cours des deux exercices qui ont été proposés.
Le premier exercice consistait à poursuivre des phrases de Miguel Torga en utilisant deux mots choisis par les intervenants. Les phrases élaborés ont servi à constituer un texte par collage, à la manière surréaliste.
Pour le second exercice, nous avons demandé aux participants de rédiger un texte de plusieurs lignes en s'inspirant d'un extrait de Diario de Miguel Torga.

Collage :

Nessa cama de sombra é que me deito e acordo a tactear desde que vim… para estas águas-furtadas porque mes deixastes a mim ! O amor tinha-lhe finalmente preenchido a alma. Quando o desespero se apoderou de mim, olhei para o chão e vi aquela pedra. Pensei então : eram horas de a iniciar no abc da ferocidade. Tenho tantos regressos e saudade por dentro do meu peito, que queima a minha tranquilidade. Chega-se a qualquer terra do país, procura-se poesia, inventa-se simplicidade, descasca-se uma aparência humana, às vezes até próspera e suficiente, e é fatal : mais um falhado a jantar ao grande rol da nação. Aqui, a liberdade tem os seus limites do nosso corpo e as ideias penduradas ao nosso tecto não fogem fora do nosso telhado. A Guerra é mais simples do que a negociação; o desparo é mais simples do que o diálogo; a violência é mais simples do que a conversa ; a ditadura será mais simples do que a democracia ? Não encontro aliviamento às penas que me torcem a alma. É triste mas não há voltas a dar-lhe. As portas do Aljube estão fechadas e não há buraco no telhado. De maneira que era praticamente impossível que a árvore desse outros frutos. O campo estava varrido por torgas abafadas pelos pedregulhos do reino maravilhoso de Trás-os-Montes. Começava a criação do mundo. Cada povo tem os Tutankhamões e a pirâmide que pode. São proporcionais à sua soberba.

Texte réalisé par l'ensemble du groupe de l'atelier d'écriture

Productions personnelles :

Lonje, Inverno de 2007

Triste da minha sina, onde está tudo combinado, alguns me cá trouxeram e outros não me querem de volta. Quando o compromisso torna-se sacrifício e que a prenda transforma-se em egoísmo… que remédio encontrar para acalmar tal impaciência que mata cada momento. Sou vagabunda doida esquecida à procura desses telhados, dessas colinas, dessas águas, dessa graça… desse fado mas que só acha paixões, proveito, medo, ilusão e saudade. Cada dia que passa o meu pensamento é sacrifício, como se aquilo tudo fosse meu e me estivessem a roubá-lo.

Inês da Silva, étudiante à l’ESCE –

La Défense

, 4ème année

E a paisagem tranquila, serena e eterna das planicies da minha infância invade-me subitamente. Relembro-me dos pastos pardos e das larangeiras

em flor. O

que resta destas imagens, o que ficou na minha memória ? Será que isto tudo fois apenas um sonho ou estaria eu acordado ? Não acredito que tenha passado, isto tudo não pode ter passado

em vão. Estes

homens não foram sacrificados. Oh Catarina Eufémia onde estarás? O que verás do teu altar?

Um fino manto de neblina cobre os campos, as lareiras fazem esquecer o frio e aconchegam as crianças às mães. As mulheres, eternamente de preto, parecem esperar uma morte que teima em não chegar e eu, aqui, a olhar e a pensar. Penso que foi tudo disperdiçado e que o tempo nunca mais poderá voltar atrás.

Isabelle Simões Marques, étudiante en doctorat de portugais, Paris 8

A miséria do mundo não é só em relação com a saúde ou a falta de dinheiro. A mais grande miséria é o fechamento de uma alma perdida no mundo, assombrada pelos retratos negros do passado, a impossibilidade de se abrir ao mundo, igual a um castelo que tem as chaves das portas desaparecidas no imenso mar. Essa alma será sempre a procura do seu paraíso ? Ou talvez ficará meia-morte de ter perdido a luz que lhe deu vida.

Emmanuelle dos Santos, étudiante en Licence 1 de LLCE Portugais, Paris 10

A linguagem e a imaginação

A magia da linguagem, em uníssono com a imaginação, situa-se neste preciso ponto : (re)criação de algo que não existe. É através desta magia que Miguel Torga alcança a felicidade : “e consigo, assim, brincar e ser feliz nos lugares onde nunca o fui realmente, e por onde passo de vez em quando numa espécie de respigo da vida.

Linguagem e imaginação permitem « inverter praticamente o tempo”, presenciam o que está ausente, criam o que não existiu ou existe.

O homem torna-se pessoa neste jogo de linguagem-imaginação, conhecendo-se cada vez mais a si próprio e ao mundo que o rodeia.

Matilde Gonçalves, étudiante en doctorat de portugais, Paris 8

Paris, 16 de outubro 2007

Mas as minhas raízes

Continuam na minha terra.

Saudades das serras,

Do pôr do sol, de roupa lavada

No rio e desse bairro

Aonde cada um vivia, convivial

Luiza Joana

Maria de Fátima Vilela, étudiante en portugais à Paris 4

Eis que surge na palavra

O mundo do acto de espremer

Sol que esmaga a triste serpente / sol esmagado que

Traz então dois teres , um que

E meu : no eu tenho medo

Outro serpenteado : têm-se medo

Dois sóis e o vento que sopra

Retirando poeira

Daniel Rodrigues, étudiant en master 2 de portugais à Paris 3

Agora, frente ao mundo que se enchia de sons, sentia a alma enlevar-se e mover-se ao ritmo dos ruídos da vida que chegavam da cidade. Terra longiqua onde havia de chegar, onde havia de cantar as rumbas das minhas alegrias e as elegias dos meus desesperos. O ar, repleto das vibrações dos homens a andarem, a trabalharem e a significarem, saciava-me a alma de sonhos acordados. A sinfonia da urbanidade chamava-me no seu leito e cativava-me com o seu tremendo esplendor. A natureza, agora muda, adormecera num silência aterrador, quase fatal, que presenciava o seu triste imobilismo. Nada mais que partir daqui, onde as almas só podiam esperar o sinistro enterro da sua juventude.

Sarah Carmo, étudiante en doctorat de portugais à Paris 3

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